ATA DA TRIGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 29.11.1990.

 


Aos vinte e nove dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões de Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Nona Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadã de Porto Alegre à Sra. Giselda Escosteguy Castro; do Prêmio Teatro Qorpo Santos à Sra. Irene Brietzke; do Título Honorífico de Cidadão Emérito aos Senhores João Aroldo Menezes, Romeu Ritter dos Reis e Nicolau Weinreb e do Título Honorífico de Líder Comunitário à Sra. Maria Bravo. Às dezessete horas e dezenove minutos, constatada a existência de "quorum", o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a MESA: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Tarso Genro, Prefeito Municipal, em exercício; Senhoras Irene Brietzke, Giselda Escosteguy Castro e Maria Bravo, Homenageadas; Senhores Nicolau Weinreb, João Aroldo Menezes e Ro­meu Ritter dos Reis, Homenageados; Ver. Airto Ferronato, Secretário "ad hoc". A seguir, o Sr. Presidente convidou a to­dos para, de pé, assistirem à execução do Hino Nacional. Após, fez pronunciamento alusivo à solenidade, destacando estarem, nesta tarde, sendo homenageadas conjuntamente diversas personalidades que muito fizeram pelo progresso de Porto Alegre, e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Gert Schinke, autor da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadã de Porto Alegre a Sra. Giselda Escosteguy Castro, discorreu acerca do trabalho realizado pela Sra. Giselda Escosteguy Castro, seja na área ecológica, em especial através da ADFG - Amigos da Terra, seja nas questões relativa à mulher e às principais bandeiras democráticas erguidas no País. Lembrou os nomes de Magda Renner e de José Lutzemberguer, companheiros de luta da Homenageada. Disse estender-se a presente homenagem a todos aqueles que buscam a preservação do meio ambiente. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Dr. Tarso Genro, que registrou o orgulho do Poder público por participar da presente homenagem à Sra. Giselda Escosteguy Castro, como reconhecimento ao trabalho sempre por ela realizado em prol da nossa Cidade. Em continuidade, nos termos da Lei nº 6698, de oito de novembro do corrente ano, o Sr. Presidente convidou o Ver. Gert Schinke e o Dr. Tarso Gen­ro a procederem à entrega, respectivamente, do Diploma e da Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadã Emérita à Sra. Giselda Escosteguy Castro, e concedeu a palavra a S. Sª, que agradeceu o Título ora recebido, discorrendo sobre a situação hoje observada com relação ao ecossistema mundial. A seguir, o Sr. Presidente registrou as presenças, no Plenário, do Dr. Luís Carlos de Carvalho Leite, representando o Procurador Geral da Justiça; do Bacharel José Carlos Mello D'Ávila, Presidente da EPATUR; do Dr. Dilmar Messias, Diretor do Instituto Estadual de Artes e Ciências; do Dr. Maciel da Silva, Secretário de Estado da Indústria e Comércio; e do ex-Deputado Oly Facchin. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Ver. Wilson Santos, autor da proposição que concede o Prêmio de Teatro Qorpo Santo à Sra. Irene Brietzke, que teceu comentários sobre a grandeza de espírito da Sra. Irene Brietzke, refleti­da na sua atuação junto às artes cênicas de Porto Alegre. Lamentou o "desprezo à área cultural observado de parte dos órgãos governamentais", declarando fazer este desprezo parte de uma macroestratégia para manter a alienação e marginalização do nosso povo. Falou sobre o significado do prêmio hoje entregue à Homenageada. Após, nos termos da Resolução nº 1069, de treze de novembro do corrente ano, o Sr. Presidente convidou o Ver. Wilson Santos a proceder à entrega do Prêmio de Teatro Qorpo Santo à Sra. Irene Brietzke, e concedeu a palavra a S. Sª, que agradeceu o prêmio ora recebido e discorreu sobre os problemas hoje enfrentados pelas artes cênicas no País. A seguir, o Sr. Presidente informou que, por motivo de força maior, o Dr. Tar­so Genro teria que se ausentar da presente Sessão, convidou o Bacharel José Carlos Mello D'Ávila a fazer parte da Mesa e concedeu a palavra ao Ver. Edi Morelli, autor da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. João Aroldo Menezes, que falou sobre a atuação do Homenageado na difusão do esporte amador do Estado, tendo S.Sª trabalhado em diversas rádios da capital e do interior. Destacou o profundo conhecimento do esporte que possui o Sr. João Aroldo Menezes, tendo ocupado vários cargos de assessoramento junto a instituições esportivas gaúchas e nacionais. Em prosseguimento, nos termos da Resolução nº 1055, de dezesseis de outubro do corrente ano, o Sr. Presidente convidou o Ver. Edi Morelli a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. João Aroldo Menezes, e concedeu a palavra a S. Sª, que atentou para a importância da difusão do esporte amador no Estado e agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Ver. Luiz Braz, autor da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Romeu Ritter dos Reis que, salientando a amizade pessoal que o une ao Sr. Romeu Ritter dos Reis, falou da competência e profissionalismo sempre demonstrados por S.Sª à frente da Faculdade Ritter dos Reis. Discorreu sobre a vida do Homenageado, classificando-o como um dos nomes mais representativos do setor educacional gaúcho. Em continuidade, nos termos da Resolução nº 1062, de vinte e cinco de outubro do corrente ano, o Sr. Presidente convidou o Ver. Luiz Braz a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Romeu Ritter dos Reis, e concedeu a palavra a S.Sª, que discorreu sobre a importância das Câmaras Municipais em um país, defendeu a unificação, a nível mundial, da língua portuguesa, e agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Ver. Airto Ferronato, autor da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Nicolau Weinreb, que discorreu sobre a vinda do Sr. Nicolau Weinreb ao Brasil, com a idade de vinte e um anos, declarando ser a vida profissional do Homenageado pautada pela seriedade e dedicação ao seu trabalho, na área da relojoaria em nosso Estado. Após, nos termos da Resolução nº 1050, de três de novembro do corrente ano, o Sr. Presidente convidou o Ver. Airto Ferronato a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Nicolau Weinreb, e concedeu a palavra a S.Sª, que falou de seu amor por esta Ci­dade e agradeceu o título ora recebido. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra à Verª Letícia Arruda, autora da proposição que concede o Título Honorífico de Líder Comunitária à Sra. Maria Bravo, que analisou o significado do nome de Maria Bravo para o carnaval de rua de Porto Alegre, ressaltando a luta anualmente por ela enfrentada para viabilizar a continuidade desta festa tão importante para os porto-alegrenses. Em prosseguimento, nos termos da Resolução nº 1066, de trinta de outubro do corrente ano, o Sr. Presidente convidou a Verª Letícia Arruda a proceder à entrega do Título Honorífico de Líder Comunitário à Sra. Maria Bravo, e concedeu a palavra a S.Sª, que estendeu a homenagem hoje recebida a todos aqueles que lutam pela continuidade do carnaval de rua de Porto Alegre e agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Sr. Presidente anunciou a apresentação da Escola de Samba Mirim Girassol, e convidou o Bacharel José Carlos Mello D'Ávila a proceder a entrega de um ramo de flores à Srª Maria Bravo; procedendo, o Sr. Presidente, à entrega de ramos de flores às Senhoras Giselda Escosteguy Castro e Irene Brietzke. Finalizando, o Sr. Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezenove horas e quarenta minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Airto Ferronato, Secretário "ad hoc". Do que eu, Airto Ferro­nato, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Damos por abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, que se destina a conceder o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre a diversas personalidades que se destacaram em nossa Cidade. Convidamos a todos os presentes para ouvirem a execução do Hino Nacional.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara; Srª Giselda Escosteguy Castro; Srª Irene Brietzke; Srª Maria Bravo; Sr. Nicolau Weinreb, Sr. João Aroldo Menezes, Sr. Romeu Ritter dos Reis. Senhoras, Senhores, companheiros, companheiras. Para mim é um motivo de grande satisfação e de enorme orgulho ter elaborado um Projeto de Lei que destina o título de Cidadã de Porto Alegre a uma companheira que, para nós, é de grande apreço, e que temos o maior carinho pelo seu trabalho ao longo desses anos em relação não só à questão ecológica, como ela é conhecida no Rio Grande do Sul, e inclusive, no Brasil, e fora do Brasil, que é a D. Giselda, mas também pela sua luta em torno das questões da mulher, e as grandes bandeiras democráticas que estiveram no palco dos acontecimentos neste País nas últimas duas décadas. Esse título de Cidadã de Porto Alegre resgata uma verdadeira legenda do movimento ecológico, que está personificado na figura da D. Giselda. Ela começou a sua luta, seu trabalho voluntário de militante no longínquo ano de 1960, quando ela, já naquela época, fazia parte da Associação Beneficente do Lar São José. Mais tarde, no ano de 1964, ela juntamente com uma série de outras companheiras, entre as quais aqui temos o dever de citar a Srª Magda Renner, sua incansável companheira ao longo de todos estes anos, fundou a ADFG, Associação Democrática Feminina Gaúcha, que mais recentemente veio a se transformar na ADFG – Amigos da Terra. A sua militância no setor da ecologia, fundada pela ADFG, inicia em 1974. Em 1981, no início dos anos 80, ela inicia os seus trabalhos, o seu envolvimento com as questões internacionais que na época o movimento ecológico gaúcho começava a se articular, juntamente com o Prof. Lutzenberger, que temos que lembrar, e sempre ao lado a Dona Magda Renner.

Em 1982 iniciaram-se os trabalhos sobre a legislação dos agrotóxicos. Mais uma vez está lá a D. Giselda Castro empunhando as bandeiras e os princípios do Movimento Ecológico. Se dá uma atuação também no Conselho de Saúde, assim como também nas Comissões, especialmente a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, onde se dedicou e se destaca a sua atuação durante aqueles anos até o momento.

Nas questões políticas mais gerais, a atuação da ADFG tomou destaque quando da discussão da Constituição Federal e aqui a D. Giselda participou da fundação do Comitê Gaúcho pela Constituinte, no ano de 1985, e atuou no Comitê até o desfecho da Constituinte que todos nós conhecemos. Além desta atuação aqui, muito sinteticamente reportado, a atuação da Dona Giselda se deu ao longo desses anos, militantemente em congressos, seminários, aqui dentro do Brasil e no exterior. Uma atuação muito pouco conhecida aqui dentro do Brasil. Em vários congressos internacionais ela tomou parte. Por exemplo, nos Estados Unidos, Canadá, África, Malásia, Nicarágua e também na Argentina.

Vou me reportar, aqui, a um episódio que eu pessoalmente vivenciei no ano de 1984, quando militava na Diretoria da AGAPAN. Nós tivemos um encontro na sede lá na ADFG, onde estava presente a Dona Magda e a Dona Giselda Castro. É uma situação que ilustra a garra e a determinação da Dona Giselda Castro, que até aquele momento eu não conhecia pessoalmente muito bem, só de ouvir falar. Mas esse episódio para mim ficou muito marcado, porque uma coisa que eu gosto muito é quando as pessoas defendem firmemente as suas idéias. E essa firmeza, essa determinação, essa franqueza de falar na cara das pessoas eu notei na Dona Giselda Castro desde aquela oportunidade. E no decorrer destes anos o meu respeito à figura da Dona Giselda tem aumentado, quando eu estou diante de refletidas situações onde ela tem botado o dedo na cara de autoridades e dito boas verdades; e não faltaram situações para isso. A essa determinação e à firmeza vale também a homenagem que nós estamos dando à companheira ecologista e feminista Giselda Castro. Mas essa homenagem ela também é estendida aos companheiros do Movimento Ecológico que militam anonimamente, voluntariamente, não posso citar nomes porque corro o risco de esquecer alguns deles, que também mereceriam estas homenagens. Mas a importância de dedicar esta homenagem da Cidade de Porto Alegre à figura da companheira Giselda Castro se dá no momento em que toda a Cidade está procurando discutir as questões ecológicas e colocá-las em prática. Nós fizemos aqui tanta homenagem, e eu entendi que para homenagear uma pessoa que dedicou a maior parte de sua vida às causas da ecologia isto poderia ser simbolizado na figura da companheira Giselda Castro. Quero ler um trecho da carta do companheiro Celso Marques, da AGAPAN, quando se dirigiu aos Vereadores desta Cidade, referendando o nosso Projeto que concede esse título do dia de hoje à D.Giselda. Diz ele na sua carta: (Lê.)

“A roda da história está girando muito depressa, numa velocidade quase sobre-humana. Nesta oportunidade, quero deixar registrado o meu depoimento pessoal.

Giselda é uma unanimidade. Sua vida. Dedicada inteiramente aos interesses maiores da coletividade porto-alegrense, gaúcha e brasileira, faz com que ela seja parte do patrimônio moral da nossa Cidade, do nosso Estado e do nosso País.

Em outubro de 1989, em Washington, nas reuniões preparatórias do encontro dos ambientalistas de todo o mundo com os dirigentes do Banco Mundial, tive a ocasião de ver Giselda Castro arrebatando a todos os presentes com seu discurso inflamado na defesa dos interesses ambientais brasileiros.

Giselda, naquele fórum internacional, mostrava a mesma garra que eu estava acostumado a ver no dia-a-dia das nossas lutas comuns em Porto Alegre.

Num relance me dei conta de que os problemas ambientais tinham crescido com rapidez e que, com isso, o mundo tinha ficado menor de repente. E que nem eu nem a maioria dos porto-alegrenses, gaúchos e brasileiros tínhamos tido tempo para perceber esta mudança.

Fiquei profundamente tocado ao me dar conta de que eu era a única testemunha de uma coletividade cujos interesses ela defende solitariamente há anos nestes fóruns internacionais. E que ainda desconhece completamente este trabalho que ela, anonimamente, realiza na defesa dos seus interesses maiores e mais permanentes. Naquele momento percebi a grandeza de Giselda Castro, uma grandeza muito maior do que eu suspeitava: ela é uma porto-alegrense-gaúcha-brasileira-cidadã-do-mundo. Nada mais justo do que dar a esta cidadã do mundo o título de Cidadã de Porto Alegre.”

Com estas palavras encerro, deixando um abraço a todos os presentes e uma especial saudação à Dona Giselda. Receba esta homenagem, que lhe é prestada com imenso carinho pela Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Dr. Tarso Genro.

 

O SR. TARSO GENRO: Sr. Presidente da Câmara de Vereadores, Srs. Vereadores, srs. homenageados e homenageadas, meus senhores e minhas senhoras.

Apenas uso da palavra para registrar que o Poder Público Municipal se sente muito orgulhoso de fazer esta homenagem à Dona Giselda, uma pessoa que é reconhecida pela Cidade pelo trabalho que vem desenvolvendo há muitos anos. Dona Giselda não precisaria deste reconhecimento formal. O Poder Público, através da Câmara de Vereadores, que na representação do Executivo outorga uma homenagem desta qualidade, é muito mais uma satisfação que o Poder Público dá a si mesmo, porque a vida, a trajetória, o cotidiano de uma pessoa como a Dona Giselda já está na história da nossa Cidade, já está no coração de cada um de nós. Eu me sinto particularmente orgulhoso de representar, neste momento, o Executivo Municipal e dizer que homenagens com esta fortalecem o prestígio do Executivo e confirmam a soberania que a Cidade deve ter sobre o poder do Estado. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Srª Giselda Castro.

 

A SRA. GISELDA CASTRO: Exmo Sr. Presidente da Câmara de Vereadores, Exmo Sr. Prefeito em exercício, autoridades presentes ou representantes, companheiros de homenagens e meus companheiros de trabalho. Eu vou pedir desculpas, porque pela primeira vez em minha vida, eu vou ler o que escrevi, porque acho que não vou ter coragem de terminar. (Lê.)

“É extremamente comovida que vos dirijo a palavra neste momento, como vice-Presidente e sócia fundadora de uma entidade que tem como objetivo precípuo a promoção da cidadania participante e faz da luta ecológica seu objetivo operacional permanente.

Receber o título de Cidadã de Porto Alegre – onde vivo há 41 anos - é, sem dúvida, o acontecimento mais gratificante desses 26 anos de atividade voluntária ininterrupta, pela melhoria de vida de nosso povo e pela viabilização da continuidade da vida no planeta Terra.

Aceito-o com a humildade oriunda não de falsa modéstia, mas da exata consciência de minhas limitações, estendendo-o a todas as minhas companheiras da ADFG/Amigos da Terra, muitas delas aqui presentes – que possibilitam com seu trabalho de bastidores, também contínuo e ininterrupto, as realizações do Setor de Ecologia, que está na linha de frente desta batalha que é de todos e de que ninguém pode prescindir.

É o Município a primeira e mais importante instância política de uma Nação. Política e administrativamente o Município brasileiro, por criação brasileira é um dos mais autônomos do mundo, tendo poderes para eleger o seu governo, fazer leis, arrecadar impostos, empregar seus recursos, organizar e administrar os serviços municipais, sem interferências dos poderes Estadual e Federal. O município – múnus- dom, capere-receber, tem o privilégio de exercer função de grande responsabilidade, sendo grandes também as responsabilidades de seus vereadores, eleitos pela comunidade para zelar por seus interesses. Essa representatividade livremente outorgada será tanto mais significativa quanto maior sua abertura para com a participação cidadã – a mais importante reivindicação/característica desse final de século. A esse respeito, os Vereadores de Porto Alegre de sobejo têm demonstrado que entendem, aceitam e praticam a democracia participativa – a única consentânea com a evolução política de nossa atualidade. No que tange às questões de saúde e meio ambiente, a Lei Orgânica de Porto Alegre é uma das mais avançadas do País, elaborada em ativa colaboração com a comunidade porto-alegrense.

A década de 1990 será a década decisiva da história da humanidade. É opinião unânime de filósofos e cientistas de abalizado gabarito moral e profissional, que se não adotarmos aqui e agora os caminhos imprescindíveis para reverter o processo de desenvolvimento insano e suicida do crescimento à custa das bases biológicas da sobrevivência, no próximo milênio será tarde demais.

Para tanto, existem o conhecimento e a capacidade tecnológica - o que falta é a vontade e a coragem política para adotá-los.

A litania dos desastres que se sucedem vertiginosamente é por demais evidente. Enquanto falo, no espaço de um minuto, aproximadamente 200.000m2 de florestas são varridos da superfície da terra. Sem árvores, não há água, e, sem água, não haverá vida.

Dos mais de 5 bilhões de habitante do planeta, 1,7 bilhões não dispõem de água potável. Esse preciosíssimo e insubstituível recurso natural é dos menos mencionados, mas sua falta constituir-se-á num dos maiores problemas do século XXI. Já não é mais possível contestar as previsões dos ecologistas, tantas vezes tachados de Profetas do Apocalipse. Sentimos literalmente na carne - na terra, na água e no ar - as terríveis conseqüências de nossa estreiteza de visão e ilimitada estupidez.

O Brasil é um eloqüente exemplo do que significa o crescimento a qualquer preço. Uma recente pesquisa do IBGE, apresentada em Isto É/Senhor, em 10/10 deste ano nos revela que somos a 8ª economia do mundo e a 80ª em qualidade de vida. Setenta por cento dos brasileiros, de acordo com os itens relacionados pela ONU dos direitos básicos essenciais ao ser humano, vivem abaixo do índice de cidadania. Se persistir essa dramática situação, caminhamos para o holocausto social. Segundo ainda o IBGE, 55% dos brasileiros, descrentes das instituições legais, não as procuram e 42,7% resolvem – ou procuram resolver – os problemas por conta própria. Dez vírgula seis milhões de conflitos no último qüinqüênio alertam para o risco assustador da disseminação da “justiça pelas próprias mãos”.

A elevada percentagem de votos nulos no Rio Grande do Sul, o povo mais politizado do País, demonstra claramente o repúdio do cidadão às opções políticas que lhes foram apresentadas.

Quando mais não for, senão pelo elementar instinto de sobrevivência, urge mudarmos o pensamento econômico que até hoje se tem recusado a ver o relacionamento estreito da economia política com os outros sistemas, social, cultural e ecológico. É preciso lidar com novas forças econômicas, que já ultrapassaram os limites nacionais. Enfrentamos hoje uma forma de supercolonialismo, no qual economias nacionais estão subordinadas, não a outras nações, mas à exploração de um sistema econômico transnacional, sobre o qual não têm possibilidades de controle. Faz-se necessário descolonizar por igual as nações ricas e as nações pobres. Mas é preciso muito, muito mais.

Temos que pensar num novo sistema norteado pela ética da ecologia, que tem sua base axial no equilíbrio/homeostase conosco mesmo, com a natureza e com a sociedade humana, regido pela paz e pela justiça social.

Procuremos a verdadeira riqueza, que satisfaça as necessidades, usando sabiamente nossos recursos de sobrevivência. Riqueza que tenha a ver com a natureza do trabalho, com um sistema de produção sustentável compatível com o ambiente natural e social. A afluência material também pode fazer parte da riqueza econômica, porém nunca à custa da saúde, da criatividade, da liberdade, da convivialidade. Precisamos avançar ainda mais, recriando a natureza e o ser humano. Darmos uma chance para que se refaçam os ecossistemas - é tremenda sua potencialidade de recuperação. Comecemos a plantar árvores e os pássaros voltarão como voltarão os peixes, se despoluirmos as águas.

Resgatemos os valores espirituais que dignificam a pessoa e tornam a vida digna de ser vivida, incorporando-os ao processo de desenvolvimento.

Toda a caminhada do homem ao longo da história nada mais foi – ou é – do que uma triste e violenta saga de luta pelo poder. Nossa pretensa civilização está moralmente ferida e, se seguirmos nessa patológica trajetória, atingiremos em breve o ponto da não-recuperação.

Enquanto aumenta geometricamente a fome – inclusive nos bolsões de miséria do 1º mundo - continua a prosperar a indústria de armamentos, da qual todas as grandes potências participam - e nós também, não esqueçamos, a 8ª economia – e, pelo menos no Brasil, à custa de verbas retiradas dos programas sociais, com o conseqüente descalabro da saúde e da educação. Se tivéssemos 1% do orçamento global destinado à fabricação de armas, teríamos 9 bilhões de dólares para empregar na reconstrução ecológica.

Termina solenemente a guerra fria entre as grandes potências enquanto o petróleo esquenta a luta no Oriente Médio. Inimigos figadais - aliados recentes – unem-se hoje para derrubar o aliado de antanho.

Levado pelo desespero da fome, o camponês do terceiro mundo arrisca a vida plantando a droga que a juventude opulenta e alienada do 1º e do 3º mundo consome a peso de ouro, alimentando o tráfico nefasto, inviabilizando os esforços para liquidá-lo.

O televisivo Presidente do Brasil, prioritariamente preocupa-se e ocupa-se em melhorar a imagem de nossa pátria, esquecido de que a versão projetada, por dourada que seja, não poderá prevalecer sobre a verdade inexorável do fato. Assina sem vetos o estatuto da criança e do adolescente, instala à custa da inocência da infância um ridículo ministério mirim, proclamando seu governo o redentor da criança. Mas posto que não promove as medidas indispensáveis para o início de um processo de reabilitação das iniqüidades sociais que estigmatizam nosso país, verdadeiramente ignora os 8 milhões de menores abandonados nas ruas, patéticos pivetes, perigosos delinqüentes amanhã.

Investimos o que às vezes nem podemos em sistemas de alarmes, grades, cães ferozes, guardas particulares para garantir uma relativa segurança. Por que é tão difícil unirmo-nos para garantir – a nível nacional e internacional – a segurança da sobrevivência da espécie? Pois, em princípio e em fim, é isto que significa o desenvolvimento sustentável – a única garantia dessa segurança.

No dia 23 de outubro p.p. os líderes do jainismo, antiga religião que inspirou Mahatma Ghandi, oficialmente apresentaram ao Duque de Edimburgo, presidente da WWF – World Wildlife Fund for Nature – a sua adesão à rede internacional que inclui a fé Baha’i, o Budismo, o Hinduísmo, o Islamismo, o Cristianismo, o Judaísmo e o Sicksmo. Pretendem eles promover a releitura de seus livros sagrados para desencadearem uma volta às raízes naturais, fortemente ligadas à terra da qual somos depositários para gerir e cuidar e não para destruí-la, destruindo a nós mesmos.

Já o encontro ecumênico de Assis, em 1986, despertara muitos líderes religiosos para as implicações morais da degradação ambiental e empenharam-se desde então ativamente em transmitir essa mensagem aos membros de sua fé. Segundo Maralee Gordon em seu artigo “Judaísmo e o Planeta Terra” publicado pela WWF, a terra é do Senhor e nós a corrompemos. Se não a repararmos hoje não haverá ninguém para salvá-la depois de nós. Disse o Dr. Edward Echlem, dirigindo-se aos sacerdotes presentes num recente congresso na Inglaterra: o homem pertence ao solo, por ele é nutrido e a ele reverterá. Proteger a natureza sem justiça não é ecologia cristã. Professar justiça e paz e compactuar com a exploração industrial da natureza não é justiça. A participação cristã não é dominação mas co-responsabilidade com as leis divinas e com a natureza de todas as criaturas. Não é a terra que precisa da humanidade, mas sim a humanidade que dela não pode prescindir.

O paradigma emergente do movimento ecológico é um paradigma holístico, que nos libertará das corporações e instituições que quase aniquilaram o futuro das próximas gerações. Guiados pelo preceito fundamental da ecologia “O negócio é ser pequeno” seremos levados, sobriedade voluntária, ao crescimento espiritual, ao verdadeiro desenvolvimento.

A ética ecológica é nossa única saída. Nas palavras de Clifford Lincoln, uma das mais expressivas vozes do ecologismo profundo, estaremos escolhendo o caminho da razão, do desafio, da esperança – noutras palavras, o caminho da vida.

A mais moderna concepção do ecologismo é de que é um movimento que incorpora os valores femininos ao processo de desenvolvimento.

Receber o título de Cidadã de Porto Alegre – a capital ecológica do Brasil, como integrante de uma entidade que nasceu feminina, mas que evoluiu abrindo seus quadros ao elemento masculino a quem não queremos convencer, mas convencer, vencer com, nesta luta por um mundo melhor – por iniciativa de um jovem que conheci adolescente, empenhados ambos nessa luta – ele, o futuro – eu, quase o passado – é realmente demasiado para minha capacidade de auto-controle.

Termino, pois, agradecendo a todos antes que comece a chorar de emoção. Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós registramos com prazer a presença do Dr. Luiz Carlos Carvalho Leite, representando o Procurador-Geral da Justiça; o Bacharel José Carlos Mello D’Ávila, Presidente da EPATUR; o Dr. Gilmar Messias, Diretor do Instituto Estadual de Artes e Ciências; o Dr. Maciel da Silva, Secretário do Estado da Indústria e Comércio, e o ex- deputado Oly Facchin.

A homenageada é a Srª Irene Brietzke, que vai receber o prêmio Qorpo Santo, que será saudada pelo proponente de seu título honorífico, o Ver. Wilson Santos.       

O SR. WILSON SANTOS: Exmo Sr. Ver. Valdir Fraga, Presidente desta Casa; nossa homenageada Irene Brietzke; homenageada Giselda Escosteguy Castro, homenageada Maria Bravo e Nicolau Weinreb, João Aroldo Menezes e Romeu Ritter dos Reis. Demais presentes que, com as suas respectivas presenças, dão um brilho todo especial a esta Sessão. Eu tenho consciência de que um valor maior está neste momento em destaque, a porto-alegrense Irene Brietzke. Esta Casa, a Câmara de Vereadores se engalana, e numa Sessão Solene reverencia, sim, em saudação respeitosa, em que se dobra o joelho diante das coisas sagradas, diante da tua grandeza, Irene Brietzke, pelo fato da olímpica contextura em que tu estás inserida, num contexto majestoso de manifestação qualitativa do espírito humano, através da manifestação das artes, desta cultura especialmente, do teatro, como nós fizemos há pouco diante da homenageada Giselda, que luta por uma consciência ambientalista. Da mesma forma, numa grandeza tamanha, está a cultura, está o teatro, estão as artes. Este ato solene faz a homenagem e marca também uma ação de conscientização para se resgatar os valores culturais que estão sendo vilipendiados. Giselda, há pouco também fez uma ação de conscientização e de protesto a autoridades governamentais, da mesma forma nós encontramos espaço para dizer, da situação de vilipêndio, esse desprezo à cultura pelas autoridades é um desprezo acidental por falta de uma maior visão, ou ele realmente é intencional. A mim me causa dúvidas. O desprezo intencional pela educação e pela cultura faz parte de uma macroestratégia de manter o povo inculto, alienado, miserabilizado e servindo de fácil massa de manobra à elite dominante e à classe política que está a serviço dessa elite dominante, distante dos verdadeiros anseios populares. Bertolt Brecht, que tanto conheces, Irene, preocupado com a alienação cultural e preocupado com a alienação política, atribuiu aos analfabetos políticos a responsabilidade, a culpa pelo aumento do menor abandonado, pelo aumento da prostituição, pelo aumento dos problemas sociais e, especialmente, pelo nascimento e pela manutenção do pior de todos os bandidos, que são os políticos demagogos e os corruptos. Se é um momento de protesto ao vazio cultural, é um momento de reflexão, porque podemos mergulhar num vazio cultural quando o Governo Federal apenas extinguiu órgãos ligados à cultura. O Governo Federal apenas eliminou uma Lei que levava o nome do ex-Presidente, a Lei Sarney que, mal ou bem, permitia incentivos à cultura, às artes e, especialmente, à bandeira que desfralda-se, que é o teatro. Simplesmente extinguiu. Não apontou nenhuma alternativa, nenhum projeto concreto. Se limitou a criticar o seu Secretário Especial de Cultura, Ipojuca Pontes, que, em dia de semana, passeava com seu cachorrinho em Copacabana. Nada contra o passear com o cachorrinho, mas a importância que tem alguém que recebe essa Pasta da cultura para uma nação que precisa reverter esses valores e precisa revitalizá-los. Mas se por um lado vivemos essas frustrações e preocupações, por outro lado temos as compensações alegres de enaltecer relevantes exemplos de dedicação à cultura. E estamos a marcá-los, estamos a grifá-los de forma indelével, porque nos apontam, esses exemplos, sim, o verdadeiro caminho da civilização e o verdadeiro caminho do progresso. No Parlamento da Ca­pital deste Estado, nesta Câmara de Vereadores existe um instrumento à disposição do Vereador, a Resolução nº 0816. Essa Resolução institui o prêmio de teatro Qorpo Santo a ser concedido um apenas por ano, e será sempre conferido a ator, atriz; produtor, produtora; diretor, diretora; autor, autora, que por sua atuação no teatro tenha enriquecido essa atividade. Irene Brietzke enriqueceu e enriquece a atividade teatral e o enriquecimento que traz ao teatro é muito maior do que aquele auferido pelos mais bem sucedidos garimpeiros, porque o enriquecimento que nos traz não é um ato material. Declarou hoje à imprensa Irene Brietzke que o teatro das artes é o que mais se aproxima da vida, e eu digo: 24 anos, Irene, de capacidade criadora, de expressar e transmitir tais sensações e sentimentos dessa pujança que é a vida. Começou com 21 anos, 1966, no espetáculo infantil "Quatro Pessoas Passam enquanto as Lentilhas Cozinham", texto do americano Stuart Walker, traduzido por Cláudio Heemann e dirigido por Ivo Bender. Faço questão de mencionar, independentemente das "Quatro Pessoas Passam enquanto as Lentilhas Cozinham" a atividade de Irene como atriz na peça "Dona Ro­sita, a Solteira", de Frederico Garcia Lorca;1967, a “Ópera dos Três Vinténs”, Bertolt Brecht e Kurt Weil; 1969, “A Menina e o Vento”, de Maria Clara Machado, teatro infantil; “A Casa de Horácio”, de Artur e Aloísio de Azevedo, em 1970; “Agamenon”, 1971; “Quem Roubou meu Anabela”, de Ivo Bender, em 1972; “A Tragicomédia” de Dom Cristovão e da Srtª Rosita, de Frederico Garcia Lorca, em 1974; “Rodolfo Valentino”, de Gastão Tauget, em 1975; “Sexta-Feira das Paixões”, de Ivo Bender; “Salão Grená”, “Canções”, de Kurt Weil e Bertolt Brecht; “Aurora de Minha Vida”, de Naum Alves de Souza; e “Certa Noite num Teatro”, de Bertolt Brecht; e “Certa Noite num Teatro”, da própria Irene Brietzke.

Aqui nós temos sobejas razões desta homenagem tão oportuna, porque nós mostramos a substância da atividade de Irene como atriz, mas Irene permite-me mostrar a sua formação universitária com o Curso de Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Curso de Direção Teatral na Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Curso de Pós-Graduação em Teatro, na Universidade de Denver, nos Estados Unidos. Trabalhos como Diretora Teatral: “A Cantora Careca”, em 1970; “Alice no País das Maravilhas”, “Antígona”; “O Auto do Pastorzinho e seu Rebanho”, de Ivo Bender; “O Aprendiz de Feiticeiro”, de Maria Clara Machado, que como Diretora infantil não teve a oportunidade de exibir a sua peça pela malfadada censura em todo o território nacional em 1976. “O Rapto das Cebolinhas”, de Maria Clara Machado, teatro infantil; “A Mandrágora”, de Maquiavel, em 1976; “O Casamento do Pequeno Burguês”, de Bertolt Brecht, em 1978; “Frank, Frankistein”, “Salão Grená”; “Uni, Duni Tê”, “Happy Happy”; “O Rei da Vela”; “No Natal a Gente vem te Buscar”, de Naum Alves de Souza, em 1983; “O Casamento do Pequeno Burguês”; “Pluft, o Fantasminha”, de Maria Clara Machado; “Aurora da Vida”; “Parentes entre Parênteses”, de F. de Souza; “Mahagoni”, de Bertolt Brecht e Kurt Weil, em 1988; “Margareth e sua Mãe”, em 1970, mais envolve o que Irene fez como Diretora de teatro, atriz e diretora. O que foi mostrado para justificar o prêmio de teatro Qorpo Santo, mas faço questão de mostrar rapidamente o trabalho universitário como professora de Direção Teatral e Interpretação Teatral do Departamento de Arte Dramática do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalhos como autora em várias outras peças, trabalhos como tradutora teatral, eu destacaria “Vinte Canções”, de Bertolt Brecht, Stuart Walker usados no espetáculo Salão Grená”; trabalhos como adaptadora Teatral; destacaria “Alice no País das Maravilhas” e “Casamento do Pequeno Burguês” dentre outros, trabalhos de cenógrafa em “Mandrágora”, “Salão Grená”, “Pluft, o Fantasminha”.

Trabalhos como diretora de disco: direção no disco “Cida Moreira interpreta Brecht”, Gravadora Continental, São Paulo, 1988.

Participação de grupo teatral: sócia fundadora e atual diretora do Grupo de Teatro Vivo, justamente com Denise Barella, grupo fundado em 2 de fevereiro de 1969.

Prêmios individuais: Prêmio Açorianos de Melhor Direção do Ano; Prêmio Tibicuera de Melhor Direção Teatral, 1979; Prêmio Açorianos de Melhor Direção, em 1980; Edem, 1984; Prêmio Açorianos de Melhor Espetáculo, em 1970; Prêmio Açorianos de Melhor Figurino do Ano, em1978, com a peça “O Casamento do Pequeno Burguês”; Prêmio do Instituto Nacional de Artes Cênicas, de Melhor Espetáculo Gaúcho do Ano; Prêmio Açorianos Especial de Melhor Grupo de Teatro; Prêmio Especial: Grupo Teatro Vivo recebeu o prêmio concorrência FIAT, como projeto para encenação de espetáculo “Onde Estão os meus Óculos”, que volta em cartaz, provavelmente, em março. Participação especial: de 7 a 19 deste ano Irene participou como convidada especial, oficial, do Festival de Teatro de Berlim.

Eu posso dizer a todos os presentes que o currículo e as atividades são muito mais extensas do que eu fiz aqui. Mas, evidentemente, discorrer sobre a vida dessa grandeza são bem maiores, mas o que eu falei aqui é suficiente para que entendam por que Irene está sentada à mesa dos homenageados. E ela, de acordo como art. 4º da Resolução nº 816/84, receberá um Diploma em pergaminho, com a impressão das armas da Cidade e da imagem do dramaturgo gaúcho Joaquim de Campos Leão, conhecido como Qorpo Santo. Neste trabalho em que nós pesquisamos a vida de Irene, eu quero parabenizar aos meus assessores pela ótima pesquisa que fizeram; não podemos deixar de citar a especial participação do jovem ator e autor teatral Airton de Castro Tamazoni dos Santos nesta pesquisa.

E, finalmente, antes que a Irene receba o pergaminho, eu simplesmente quero dizer que não só a homenageada Giselda, não só a Irene, todos os homenageados, mas me dirijo, em especial, à Irene Brietzke, é um exemplo para que venhamos a resgatar os grandes padrões que a sociedade, que a Nação precisa resgatar. E, fundamentalmente, no momento em que se vêem desprezados a consciência, a cultura, as artes, o teatro, que precisam ganhar mais espaço. No momento em que a sociedade já chega a rir da honra, a ter vergonha de ser honesta, só resta um caminho: pinçar a virtude e mirar os nossos olhos para estas virtudes que estão aqui, principalmente a virtuosa Irene Brietzke, que recebe o Prêmio de Teatro Qorpo Santo, neste momento. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós convidamos o Ver. Wilson Santos para proceder à entrega do Prêmio à nossa homenageada Irene Brietzke.

 

(O Sr. Wilson Santos procede à entrega do Prêmio.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra a nossa homenageada Irene Brietzke.

 

A SRA. IRENE BRIETZKE: Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. Prefeito em exercício; srs. Homenageados, senhores e senhoras presentes. (Lê.)

Me causou muita alegria a indicação para o prêmio Qorpo Santo. Uma alegria que acontece em meio a uma grande tristeza. Vivemos um momento brasileiro onde os projetos culturais são adiados, os museus são fechados, as orquestras, os grupos de dança, as galerias de arte encerram atividades, os espaços culturais são desativados, as livrarias vendem pouco, filmes não são mais produzidos e o público dos teatros diminui.

O Governo Federal, através de sua Secretaria de Cultura, parece lutar para transformar o País num deserto cultural, numa postura desmedida, parecendo ignorar que civilização e cultura são indissociáveis.

Nós, trabalhadores do teatro, temos sobrevivido exclusivamente de nossa própria energia, teimosos que somos em acreditar que nossa contribuição se faz necessária.

Por isso, repito, este é para mim um momento de alegria e desencanto, uma mescla de sentimentos fortes. E os sentimentos fortes são matéria-prima do teatro. As emoções, os conflitos, as idéias e a paixão movem esta arte secular, às vezes tão dignificada e outras vezes tão marginalizada, conforme as conveniências de época e lugar.”

Agradeço ao Ver. Wilson Santos a indicação do meu nome pa­ra o Prêmio Qorpo Santo, bem como agradeço a todos os Vereadores que confirmaram a indicação. Agradeço também aos amigos que aqui vieram dividir comigo este momento, e encerro deixando uma frase do poeta espanhol Garcia Lorca: "Pobre do país que não cuida do seu teatro.” Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tendo em vista um compromisso inadiável de nosso querido vice-Prefeito, Tarso Genro, Prefeito em exercício, somos obrigados a liberar S. Exª.

 

O SR. TARSO GENRO: Gostaria de registrar minhas desculpas por me retirar, mas temos uma questão urgente para tratar na Prefeitura de Porto Alegre, já que o DNOS, a partir de amanhã, deixa de se responsabilizar por uma bomba de sucção que protege toda a Zona Norte da Cidade, e isto exige de nós algumas medidas urgentes. Trata-se de uma instituição do Governo Federal que está sendo fechada e que arbitrariamente suas tarefas estão sendo passadas para o Município, sem que tenhamos condições de atender a tal demanda agora. Peço desculpas, mas trata-se de um motivo de interesse de toda a comunidade. Aproveito a oportunidade para deixar o meu mais afetuoso abraço para os demais homenageados e designo o Presidente da EPATUR, José Carlos de Melo D'Ávila, para representar o Poder Executivo nesta solenidade. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo homenageado é o Sr. João Aroldo Menezes. Com a palavra o Ver. Edi Morelli.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, Ver. Valdir Fraga, senhores e senhoras homenageados, Srs. Vereadores e demais presentes. Senhoras e senhores, sinto-me bem à vontade em prestar esta homenagem a J. Menezes, colega de microfone, com o qual vivi, lado a lado, muitas horas alegres e muitas horas tristes. Ele é um homem que deu e tem dado tudo de si. (Lê.)

“João Aroldo Menezes, nascido a 30 de maio de 1933, em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, tem dedicado grande parte de sua vida na difusão do esporte amador. Iniciou sua carreira como radialista em 1959, na Rádio Porto Alegre, e desde lá já demonstrava grande interesse na divulgação do esporte amador, transmitindo com exclusividade jogos de bocha e bolão no Clube Independente, na maioria das vezes com patrocínio do próprio bolso. Nesta época, “J. Menezes” formou uma equipe para transmissão das partidas de futebol de salão no Colégio Rosário e no transcorrer das narrações aproveitava para divulgar outras modalidades de esporte amador.

Em sua árdua missão de difundir o esporte amador, utilizou os microfones das Rádios Porto Alegre, Triunfo, Real de Canoas, Continental, Metrópole, Princesa, Difusora, Bandeirantes e Capital.

Por seu profundo conhecimento do esporte amador, “J. Menezes” foi convidado, inicialmente em 1964, para o cargo de Juiz do Tribunal de Justiça da Federação Rio-Grandense de Bocha. Seguindo-se a isto, ocupou os cargos de Relações Públicas da Federação Gaúcha de Vôlei e Juiz da Federação Atlética Rio-Grandense.

Em 1969, há época em que se inaugurava o estádio Beira-Rio “J. Menezes” ocupava o cargo de Diretor de Atletismo do Sport Clube Internacional, onde, na caça de atletas amadores, encontrou no morro da Glória uma menina saltando um valo de grandes dimensões. Após longa conversa com Marisa Aparecida e seus pais, “J. Menezes” convenceu-os de que a menina deveria praticar salto à distância. O experiente caçador de atletas não se enganou, pois Maria Aparecida tornou-se Campeã Estadual de Salto à Distância.

A convite de Cícero Franco e Léo Centeno, no ano de 1971, “J. Menezes” tornou-se supervisor de esporte amador do Internacional, tendo com isso a oportunidade de renovar o Departamento de Atletismo.

Em 1976, presidindo a Federação Atlética Rio-Grandense, “J. Menezes”, teve participação fundamental na criação da Confederação Brasileira de Atletismo “CBAT”, tendo inclusive lançado o nome de Hélio Babo para 1º presidente.

Ainda hoje, 31 anos após o início da carreira a favor do esporte amador, “J. Menezes” continua sua incansável luta, comandando o programa da Rádio Capital “Giro do Esporte”, veiculado diariamente, onde além de entrevistas e notícias, faz transmissões diretas das competições.

Por todo o trabalho dedicado em favor do esporte amador, não só em Porto Alegre, como em todo o País, nada mais justo que receba desta Colenda Casa o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Edi Morelli que faça a entrega do título.

(Procede-se à entrega do título.) (Palmas.)

 

Com a palavra o nosso homenageado, João Aroldo Menezes.

 

O SR. JOÃO AROLDO MENEZES: Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, também trabalhador pelo esporte amador, meu querido Presidente da EPATUR, senhoras e senhores homenageados, autoridades presentes, meus amigos, Srs. Presidentes da Federação que aqui estão, dirigentes, técnicos, ex-atletas aqui presentes. Tem momentos nestes 31 anos de esportes amadoristas, trabalhando nas emissoras, que me deu vontade de parar. Quando eu vi os atletas, parece muito hoje, descamisados, mas eu vi os atletas descalços, porque não tinham condições de comprar suas sapatilhas, seus sapatos, seus tênis para as competições. Eu sentia que era necessário continuar então o trabalho para ver se as autoridades se conscientizavam e forneciam mais verbas para o estudo, para as federações e diretamente apoiassem e ajudassem os atletas, aí então eu continuava. Quantas vezes um diretor, uma direção de rádio acabava com o programa do esporte amadorista porque não dava recurso, quantas vezes! Quantas vezes eu mendiguei à direção da rádio que não tirasse o programa do ar, que os atletas queriam seus nomes pelo menos vistos, fosse ouvido, registrado nas rádios. O Sr. Presidente da Câmara, Valdir Fraga, sabe o sacrifício que se tem ao dirigir o esporte amador, que foi um grande inteligente, um grande presidente de clube, um homem que batalhou pelo esporte amador, o Presidente da EPATUR quando assumiu a presidência desse órgão municipal me chamou para um plano, mas as dificuldades no seu departamento da EPATUR também não viabilizaram. Confesso momentos, e agora nesse ano mesmo tive vontade de parar, mas quando o esporte amador é lembrado da maneira como foi, quando o esporte amador tem mais uma porta, mais uma janela aberta num órgão municipal que é a Prefeitura, por intermédio do Edi Morelli, não posso deixar de continuar a trabalhar. Vamos continuar a trabalhar pelas crianças que estão precisando de pistas de atletismo, não só vamos falar em futebol, precisam de mais quadras para vôlei, precisam mais quadras para o basquete, para o futebol de salão, vamos continuar a trabalhar. Abre-se mais uma porta para o esporte amadorista no órgão municipal, Ver. Edi Morelli, os atletas estão agradecidos, eu agradeço em nome dos atletas esta lembrança, lembrança que teve V. Exª com o esporte amadorista, eles lhe serão agradecidos, porque dificilmente, com raras exceções, nós encontramos as portas abertas para apoiar amadoristas. Para encerrar, aqui estão os presidentes de federações, presidente do meu atletismo, que eu fui presidente em 1977 e muito agradeço. Espiridião Azambuja, ex-Presidente da Federação de Futebol de Salão; à minha querida bocha que eu comecei há 31 anos, quando iniciamos o esporte amadorista. Tenho absoluta certeza que os senhores poderão utilizar esse novo meio para procurar trazer mais verbas, maior apoio para aqueles atletas, não aqueles que estão ganhando milhões de cruzeiros, não, mas àqueles que lutam, que disputam, que amassam pista, que suam nas quadras para ganhar uma medalha, uma medalha. Por esses atletas é que nós devemos trabalhar, nós devemos lutar e eu tenho absoluta certeza, Vereador, está desfraldada mais uma bandeira para o esporte amadorista. Também com os homens que estão indo para a Assembléia Legislativa e que vieram também do esporte amadorista, nós temos absoluta certeza de que eu não estarei arrependido de continuar trabalhando pelo nosso esporte amador. Aos meus amigos que vieram do interior o meu muito obrigado, a todos os senhores e senhoras que estão aqui também o nosso muito obrigado, e torçam, torçam pelo esporte amador, apóiem o esporte amador, principalmente, e sem demagogia, aqueles atletas que correm, que lutam, que disputam. À minha mãe que ali está eu também transfiro estas homenagens que hoje a Cidade, por intermédio dos representantes da Casa do Povo, nos dá. Meu querido Morelli, muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nosso próximo homenageado é o Sr. Romeu Ritter dos Reis, e será saudado pelo proponente do título honorífico: Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente da Câmara Municipal, meu amigo Valdir Fraga; representante do Prefeito Municipal, nosso amigo Dr. Carlos D'Ávila; homenageada, Srª Giselda Escosteguy Castro; homenageada, Srª Irene Brietzke; Srª Maria Bravo, também homenageada; homenageado Sr. Nicolau Weinreb; homenageado Sr. João Aroldo Menezes, nosso companheiro de comunicação radiofônica.

O nosso homenageado maior de hoje, pelo menos na nossa visão de homem que tenta perseguir, de alguma forma, a cultura, que tenta buscar uma forma mais adequada de se comunicar na Língua Portuguesa, e que encontra exatamente na figura do Dr. Romeu Ritter dos Reis um dos expoentes máximos, não apenas aqui, do Rio Grande do Sul , mas, sem medo de errar, eu digo, um dos grandes expoentes da Língua Portuguesa em todo o Brasil. Por isso eu me sinto muito orgulhoso de ter sido o proponente desse título, hoje, para o Dr. Romeu Ritter dos Reis, e me sinto cheio de responsabilidade, porque quando eu pensava lá comigo: “Mas eu aprendi muito a me comunicar através do rádio, através do microfone de uma emissora popular, aprendi a falar uma linguagem muito popular, um português muito simples e me comunicando num português singelo, como é que eu poderia saudar um grande expoente da Língua Portuguesa? Comecei realmente a temer por este momento que eu sabia que seria, para mim, muito delicado. O Prof. Romeu é um amigo dos seus amigos, dos seus alunos, dos seus professores, e essa constatação foi fazendo com que eu me acalmasse e passasse a confiar mais em mim, fez-me sentir que eu poderia saudar o Prof. Romeu como meu amigo que é, como Professor e Diretor da Faculdade Ritter dos Reis, não à altura do português que ele costuma empregar e da comunicação que ele sabe fazer. Mas, quem conhece o Prof. Ritter dos Reis, quem tem oportunidade de privar da sua amizade como nós temos, e hoje, por exemplo, estão aqui muitos alunos da Ritter dos Reis; quem cruza pelo Prof. Romeu nos corredores da Faculdade sabe muito bem que ele gosta muito da Língua Portuguesa e faz questão de que as pessoas que se comunicam com ele o façam no melhor nível possível. É muito comum encontrar-se o Prof. Romeu nos corredores da Faculdade, conversando com seus alunos e explicando os ensinamentos básicos da Língua Portuguesa. Se eu fosse citar aqui o currículo que recebi, referente ao Prof. Romeu, sem dúvida alguma levaria, aproximadamente, uma hora. Então, eu não iria, realmente, sacrificar a platéia citando um currículo que é por demais conhecido daquelas pessoas que entram em contato com o Prof. Romeu e que sabem muito bem das suas qualidades. Em vez de citar o currículo, faço questão, apenas, de dizer: Prof. Romeu, hoje estão aqui para homenageá-lo a maior parte dos professores que fazem parte da Faculdade Ritter dos Reis, demonstrando a amizade que sentem pelo senhor e a emoção que eles sentem, hoje, por vê-lo receber este título. Gostaria de citar o nome de alguns dos professores da Faculdade Ritter dos Reis, que se encontram aqui presentes: Prof. Walter Pauleto, de Direito Romano; Prof. Gesner Vasconcelos, de Direito Constitucional; Prof. Francelino Araújo, de Direito Comercial, e que nos prestou um assessoramento ímpar, para que pudéssemos fazer uma Lei Orgânica que, como disse a Srª Giselda, é uma das melhores leis orgânicas que temos no nosso território; Prof. Isaac Ainhorn, nosso companheiro aqui na Câmara de Vereadores e Prof. de Direito Comercial; Prof. João Firmino, de Direito Processual Civil; Prof. José João de Oliveira Freitas, de Direito Internacional Público; Prof. Goron, vice-Diretor da Faculdade e também professor de Direito Romano; Profª Alice Maria, de Lógica e Hermenêutica Jurídica; Prof. Luiz Azevedo, de Direito do Trabalho; Profª Leda Morelo, Supervisora do Estágio; Prof. Carvalho Leite, que já foi citado pelo nosso Presidente, ele que é uma das grandes glórias do nosso Estado no campo jurídico, e não apenas isso, pois deveria ser homenageado todos os dias, porque afinal de contas ele faz com que o Sport Clube Internacional possa se engrandecer todos os dias e realmente merece a nossa homenagem. O Prof. Paulo Simões, que é o Coordenador das Disciplinas lá na Faculdade Ritter dos Reis; Prof. Dorival Alves da Silva, Diretor do Direito Civil Comparado e também Prática Forense, e também o Dr. Flávio de Almeida Reis, que é o Diretor Administrativo das Faculdades Integradas. Estes são os professores que se encontram presentes. Desculpem-me se esqueci algum nome, mas acredito que não, pelo menos aqueles que estão na minha frente, que estou conseguindo visualizar, são todos professores e fazem com que os alunos, alguns aqui presentes, possam, ao sair da Faculdade Ritter dos Reis, brilhar no campo jurídico aqui do Estado do Rio Grande do Sul. Mas é claro que no meu português simples eu não poderia saudar de improviso o professor. Preparei algumas linhas, mas eu acredito que ser­virão para mostrar ao público presente, a todos que aqui estão, a importância do Prof. Romeu Ritter dos Reis, o nosso homenageado, Cidadão Emérito da nossa Cidade de Porto Alegre. (Lê. )

“Vivi em minha vida pública muitas emoções. Mas devo confessar-lhes que a de hoje, neste momento, me enche até de um certo receio. Dirigir a palavra ao Dr. Romeu, nosso digno homenageado, não é tarefa simples, por tratar-se de um intelectual.

Vou ser espontâneo, franco, sincero,e fiel, qualidades que bem sei V. Sª cultiva ao máximo.

Não posso dissociar o homem do intelectual. Ambos estão fundidos numa só amálgama. E esta trajetória luminosa iniciou-se na cidade de Taquara, sua terra natal, em 8 de julho de 1915.

No passado não tão longínquo, o Colégio Cen­tenário de Santa Maria, o Instituto Adventista de São Paulo, O Instituto Adventista Cruzeiro do Sul, de Taquara; o Colégio Estadual de Uberlândia, Minas Gerais; Escola Técnica de Comércio "Prof. de Plácido e Silva" de Curitiba.

E, junto, a lembrança dos colegas e mestres que povoaram aqueles momentos de extrema rigidez educacional.

Somente vitórias.

Não ocorreram derrotas na caminhada encetada igualmente ao longo do nível superior, cursado na Faculdade de Di­reito da Universidade Federal do Paraná; no doutorado em Direito Internacional e Comparado pela Universidade de Estrasburgo, em 1978; Licenciatura Plena em Letras, na Faculdade de Filologia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo; Licenciatura Plena em Pedagogia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Do homem, a figura do pai, do bom chefe de família, sempre prestimoso e amoroso. O condutor seguro da trilha que hoje percorrem seus filhos.

Do professor, o mestre completo. O estudioso que transmite o saber, com conhecimento, com segurança, com zelo. Ávidos os alunos que se acercaram e se acercam, beberam e bebem da fonte límpida, do manancial enorme que delicia os ouvidos e alma, e penetra na mente.

Afloram as lembranças de sua passagem pelo Instituto Mackenzie de São Paulo, até 1957; no Colégio Estadual Julio de Castilhos, por concurso até 1967; a Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciências e Letras como professor-titular da disciplina de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira de 1968 a 1971, e ainda professor-titular das disciplinas de Direito Civil Comparado e Ética Profissional e Estatuto do Advogado, Língua Portuguesa, respectivamente na Faculdade de Direito e Curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Integradas do Instituto Ritter dos Reis.

Do Diretor, a figura austera, o timoneiro seguro que conduz a nau em águas cristalinas e calmas, mas se agiganta diante das tempestades e noites densas.

É o líder, que dá liberdade de ação, que acredita na capacidade de seus comandados.

Exigente consigo, fiel e leal na palavra empenhada, é o amigo dos amigos.

Pragmatista, acredita que a inteligência é a capacidade de resolver os problemas e os resolve.

Laicista, acolhe no templo sagrado do saber, na Rua Santos Dumont, na nossa querida Faculdade de Direito, as mais variadas tendências religiosas e as aceita como bom cristão, devoto que é do livro mais sábio do mundo, a Bíblia Sagrada.

Tenho que aqui lembrar ainda a valiosa contribuição das obras publicadas, como "Lingüística Brasileira”, “Prática Forense", "O Púlpito Evangélico". Obras no prelo como "O Ensino do Português nos Três Graus" e "Economia Básica”.

O espírito dinâmico e insaciável de V. Sª não descansa e breve teremos: Gramática Essencial do Português; Lingüística Brasileira; Comentários à Constituição Federal de 1988; entre outras obras.

Dr. Romeu, nosso querido homenageado, ao pro­por o título que hoje recebe, o fizemos pelo merecimento e não como forma de pagamento. O serviço prestado a toda uma geração de jovens que passaram e continuarão a passar pelos bancos escolares, ao longo de 30 anos de cátedra, têm que ter o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre, aqui representada na pessoa de nós Vereadores e das pessoas presentes.

Junte pois, ao acervo de outros títulos, "Comenda Osvaldo Vergara da Ordem dos Advogados do Brasil", "Comenda Pinto Bandeira da Prefeitura Municipal de Canoas”, 1983, mais este de "Cidadão Emérito de Porto Alegre”, pois o senhor bem o merece.

Para encerrar devo dizer-lhe, parafraseando um dos nossos poetas maiores: "Não partirá desta Casa tão só, pois levará consigo uma saudade nossa e deixará conosco uma saudade vossa”. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Luiz Braz que proceda à entrega do título de Cidadão Emérito ao Senhor Romeu Ritter dos Reis.

 

(O Ver. Luiz Braz procede à entrega do título.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr. Romeu Ritter dos Reis.

 

O SR. ROMEU RITTER DOS REIS: Exmo Sr. Valdir Fraga, Presidente da Câmara de Vereadores, Exmos Homenageados desta tarde, caríssimos mestres, meus amigos e companheiros, estimados alunos. Muito dignos Vereadores aqui presentes nesta tarde e este grande amigo e extraordinário Ver. Luiz Braz, minhas senhoras e meus senhores, falarei a linguagem espontânea e franca tão peculiar aos filhos do Rio Grande do Sul, sobremodo me honra, dignifica a homenagem que esta Câmara de Vereadores me concede nesta tarde, porque ela representa a voz mais autêntica do povo de Porto Alegre, porque é nesta Casa que se faz ouvir a voz tanto dos humildes como daqueles que são favorecidos pela sorte e isto na tradição do nosso estremecido Brasil, porque bem sabemos que no Brasil colonial a única forma de fazer chegar a El Rei de Portugal que era, como sabemos, absolutista, autoritário, era a da Câmara de Vereadores, da Casa da Vereança. Convém ressaltar que quando Dom Duarte da Costa se tornou um governador indesejável foi a Câmara de Vereadores da Cidade de Salvador que oficiou a El Rei de Portugal, pedindo a suspensão, ao que foi aceito. Quando fundaram a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, a primeira providência do Sr. Governador foi também a Câmara de Vereadores, e não esqueçamos também que no Brasil Holandês, naquela tentativa calvinista e também comercial, sem dúvida alguma, de formar uma outra nação ou, enfim, de trazer um contingente diferente daquele que dominava Maurício de Nassau, que fez a melhor administração dos tempos coloniais urbanizando a bela cidade do Recife. Foi a primeira cidade urbanizada das Américas. Ele se empenhou em dar à Câmara de Vereadores um toque democrático, fazendo questão que dela fizessem parte, tanto evangélicos como católicos. Eu devo ressaltar isso, porque os representantes do povo tinham que professar a religião do Governo. E Maurício de Nassau deu a liberdade, inaugurando na América o princípio da liberdade de consciência, princípio que, depois, seria institucionalizado pelos convencionais americanos em 1786. E também a classe dos Vereadores era chamada de classe burguesa. Faziam parte Benjamin Franklin, Jorge Washington, Thomas Payne, todos estes eram Vereadores primeiro, para, depois, se tornarem convencionais e dar ao mundo o exemplo de democracia prática de um presidencialismo eficaz de acordo com as necessidades da América, um continente novo, carecedor de ação, de atividade. Mas sempre fiscalizado pelo Legislativo e, principalmente, pela Câmara de Vereadores.

Sempre me senti orgulhoso por ter nesta minha Capital, que hoje me homenageia, uma Câmara deste porte, pela dignidade e pela sua seriedade. Uma Câmara que não se distingue por se autopremiar, mas com subsídios dignos que correspondem ao nosso querido Brasil. Também é uma Câmara que serve de exemplo a outras, porque ela sempre esteve dentro da linha da dignidade. De modo que, hoje, recebi este título desta nossa querida, bela e encantadora Cidade de Porto Alegre que já numa Enciclopédia Alemã trazia a seguinte interpretação: Cidade, Capital do Estado do Extremo Sul do Brasil. Cidade célebre pela beleza dos seus crepúsculos. Realmente, qual é o gaúcho, qual é o porto­-alegrense, qual é o visitante, qual é o turista que não se sente empolgado com o magnífico pôr-do-sol sobre as águas tranqüilas ou agitadas do nosso Guaíba e quando o sol se deita sobre a imensidão da campanha gaúcha, tão expressiva no nosso Estado? E ao agradecer as palavras tão inspiradoras do Ver. Luiz Braz, que é de Ribeirão Preto, a Capital do Café, e que repete a façanha dos bandeirantes, que vieram colonizar o Rio Grande do Sul, lá em Vacaria, que ainda conserva muito dos hábitos regionais de São Paulo, esses dois Estados devem estar unidos para construir um Brasil novo. De modo que agradeço e gostaria de dizer o seguinte: o nosso Vereador fala em linguagem bela, poética, numa pronúncia padrão do Brasil, parabéns, aliás, está coincidindo com os meus ideais e os meus esforços, porque em 1957 voltei para minha terra e não só fundei a Associação dos Professores de Português do Rio Grande do Sul, mas instituí a Semana da Língua Nacional que, há 31 anos, vem sendo celebrada no nosso Estado, e hoje é também praticada em alguns Estados brasileiros: Porto Alegre levando o facho da boa linguagem aos demais Estados. Quando criei as Faculdades Porto-alegrenses, no Curso de Letras essa atividade foi então incrementa­da e lá tivemos os melhores professores. Mas a preocupação em conseguir que a boa linguagem saia daqui como modelo é tal que estou encaminhando ao Sr. Presidente da Câmara e aos Srs. Vereadores uma proposta para que se ergam num logradouro dos mais conhecidos de Porto Alegre um monumento à unidade da língua portuguesa no mundo, um obelisco, que tem uma efígie, primeiro, de Luiz Vaz de Camões, com seus versos imortais, também com a efígie de Euclides da Cunha, que nós sabemos, escreveu a maior saga sertaneja, o poema em prosa, o maior poema brasileiro, infelizmente desconhecido às vezes de muitos de nossos concidadãos. Depois, no mesmo monumento, o retrato de Machado de Assis, que soube tão bem comunicar na sua obra, na língua padrão da classe média do Rio de Janeiro, e do Brasil, portanto. E vejam bem que a língua que se fala em Porto Alegre serve de padrão, porquanto Porto Alegre é uma cidade cosmopolita, e nós usamos as vogais bem claras, como eram proferidas no latim clássico, e as consoantes macias, suaves. Nós ouvimos muitas vezes alguns patrícios dizerem: como os gaúchos falam bonito! Eu não sei se é bonito, mas é a pronúncia padrão, que deve ser levada para os demais Estados do Brasil. Esta foi a língua falada por todos os outros homenageados desta tarde e também pelos oradores que me antecederam. De modo que esperamos que Porto Alegre se distinga por esta grande promoção de servir de modelo na linguagem e de erguer este monumento. Mas não devemos ficar só nisto. Porto Alegre deve tornar-se melhor em muitas outras atividades. Há uma sugestão aqui para que Porto Alegre crie a Universidade Municipal de Porto Alegre, numa fundação mista de direito público e de direito privado. Sempre se alega a falta de recursos, mas, no Estado de São Paulo, há muitas fundações mistas de direito público e privado, que proporcionam cursos que não são ministrados pelas outras universidades. Por exemplo, um curso de Turismo, bem feito, um bom curso de Urbanismo, um curso de Administração Pública excelente, enfim, cursos de ciências aplicadas. E que esta universidade proporcione um ensino por um preço razoável, não gratuita, porém custeada em parte pelo pagamento das mensalidades, em parte pelo Poder Público. De maneira que Porto Alegre se situaria numa verdadeira liderança, numa posição de levar ao Brasil inteiro esta proposta extraordinária. E mais, nenhum sistema de ensino está completo sem que haja a formação superior. De maneira que esta proposta que está sendo feita aqui nós esperamos que a Câmara de Vereadores aproveite e outras mais, e que Porto Alegre, estimulando a cultura, mas também estimulando a produção de alimentos, porque eu acho que o trabalhador no Brasil necessita ter boa alimentação, estimulando o bom plantio, o plantio do necessário para que ninguém passe fome. Eu fico penalizado às vezes ao ver empregados que ganham salário mínimo sem ter o que comer. Fazer como eu vi fazerem na Alemanha, onde convivi, que lá é na Prefeitura que se processava a assistência social. Havia a sopa para os pobres, sopão para os desempregados, salas para casamento, salas para velórios, tudo o que o povo precisava era feito pela municipalidade. Eu sei que é muita coisa, mas nós temos que começar. O empolgamento gaúcho, o seu civismo. Agora, neste final de milênio, nós temos que preparar o Rio Grande do Sul e a nossa Cidade para realizar muito mais do que se têm feito até agora. Não vou me alongar mais devido à angústia do tempo, mas agradeço enternecido a presença de todos aqui nesta data. O coração vibra por esta demonstração de amizade, de carinho. Nós, brasileiros, por mais divergentes, somos todos tocados por aquela áurea de sensibilidade. O brasileiro é extremamente sensível e é um homem cordial. Assim, pois, agradeço deveras a homenagem que me é prestada. Cito aqui a presença do Dr. Gesner Vasconcelos, que me escapou por acaso, que é titular da cadeira de Direito Constitucional, uma disciplina importantíssima nos dias de hoje. Muito agradecido a todos que aqui estão e que tenhamos muita fé em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e no Brasil, que seja redimido o povo brasileiro, que suas necessidades sejam atendidas, mas que cada um dê a sua parte para que isto se realize. Muito obrigado a todos, e que Deus ajude a todos. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo homenageado, Sr. Nicolau Weinreb, que será saudado pelo proponente da homenagem, Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Ver. Valdir Fraga, Srs. Vereadores, senhores e senhoras homenageados. (Lê.)

“Neste ato em que o Legislativo Municipal, por iniciativa deste Vereador, concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Nicolau Weinreb, queremos manifestar, em nome do povo de nossa Cidade, todo o apreço e reconhecimento.

O Sr. Nicolau nasceu na cidade de Nagyleta, na Hungria.

Quando moço, durante o seu ginasial, na sua Pátria, teve seu interesse despertado para o Brasil nas suas aulas de geografia.

Nesta época, a Europa vivia momentos difíceis e era preciso descobrir um país onde pudesse viver com liberdade e dignidade.

Ciente de que só conseguiria isto através de um trabalho honesto, seu Nicolau tratou de preparar-se profissionalmente para enfrentar a vida no novo País que o receberia.

Em maio de 1930, chega ao Brasil com 21 anos de idade, depois de contatos com amigos já radicados aqui, trazendo na bagagem os conhecimentos adquiridos em cursos que freqüentara na Hungria.

Inicialmente radicou-se em Campinas – São Paulo, desenvolvendo atividades em uma empresa de eletricidade, graças aos conhecimentos que também possuía na área de Engenharia Mecânica e Elétrica.

Em 1934, a convite de um patrício húngaro, vem conhecer Porto Alegre que na época era uma pacata cidade com 300 mil habitantes.

Gostou do lugar e decidiu fixar suas atividades em nossa Capital. Em janeiro de 1935 já estava estabelecido com sua Casa especializada em consertos de relógios e jóias na Rua da Ladeira nº 326.

Esta data é recordada com muito entusiasmo por Seu Nicolau, pois comemorava-se no Parque da Redenção o Centenário da Revolução Farroupilha.

“O Parque estava muito bonito, todo enfeitado a nível internacional”, lembrou nosso homenageado.

Inicialmente a Casa chamou-se "Européia”, e posteriormente viria a chamar-se "Ladeira” e por estar em um ponto estratégico viria a ter ilustres personalidades como clientes.

Apenas para exemplificar, citamos: o pai de Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha, Flores da Cunha e durante o governo de Valter Jobim foi relojoeiro oficial do Palácio, tornando-se amigo pessoal da família.

Em 1952, casou-se com Dona Rosa Weinreb, com quem tem três filhas: a minha amiga Denise, Mara e Heloisa.

Também foi um grande defensor dos interesses de sua classe, tendo sido Diretor da AJORSUL, e, em 18 de março de 1958, participou como tesoureiro da Associação de Comércio de Jóias, Relógios e Ópticas do Rio Grande do Sul, então fundada.

Sem dúvida, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos diante de um homem de personalidade extremamente humilde e que apesar da capacidade técnica nunca negou-se a prestar um serviço, por mais simples que fosse, tivesse ou não seu cliente capacidade financeira para pagá-lo.

O Sr. Nicolau, trabalhando 12 horas por dia, pautou sua vida profissional pela honestidade e pela vontade determinada de servir, de dar o máximo de si e de ser útil a quem necessitasse dos seus serviços.

As palavras têm um poder mágico de nos sensibilizar, mas os atos e realizações, estes nos convencem e são perduráveis.

É impossível dissociar o profissional do seu trabalho, quando a tarefa é desenvolvida com tanto profissionalismo, dedicação e amor.

Por isso hoje estamos aqui numa homenagem simples e repleta de carinho para reconhecer os 54 anos de serviços prestados pelo nosso homenageado, em prol dos cidadãos de nossa Cidade.

Voltaire dizia: “Não posso imaginar um relógio sem relojoeiros”.

Hoje, Sr. Nicolau, quando o senhor diz: “Missão cumprida!” Nós e a Cidade bem como os inúmeros amigos conquistados ao longo dos anos lhe dizemos agradecidos: Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. Airto Ferronato para fazer a entrega do título honorifico de Cidadão Emérito ao Sr. Nicolau.

 

(O Ver. Airto Ferronato faz a entrega do título ao homenageado.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao nosso homenageado.

 

O SR. NICOLAU WEINREB: Sr. Presidente da Câmara, Srs. Representantes da Prefeitura Municipal, demais autoridades aqui presentes, senhores e senhoras: é com muita honra e emoção que recebo esta distinção especial, a qual foi recomendada pelo Ver. Airto Ferronato, e foi aceita pela unanimidade da Câmara de Vereadores, sendo reconhecido. Humildemente prestei serviços a esta alegre cidade que amei sempre, na qual me senti à vontade, hoje me sinto seu filho legítimo. A todos o meu muito obriga­do. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A última homenageada desta solenidade é a Srª Maria Bravo e será saudada pela proponente do seu título honorífico, Verª Letícia Arruda.

 

A SRA. LETÍCIA ARRUDA: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. José Carlos D'Ávila, representando o Sr. Prefeito Municipal; Srª Giselda Escosteguy Castro; Srª Irene Brietzke; Srª Maria Bravo; Sr. Nicolau Weinreb; Sr. João Aroldo Menezes; Sr. Romeu Ritter dos Reis; nossos homenageados e homenageados pela Câmara Municipal de Porto Alegre, por todos os representantes do povo desta Cidade; Srs. Vereadores; Srs. convidados; carnavalescos; amigos; companheiros; parentes; funcionários da Casa. (Lê.)

“A Avenida está Colorida de Luzes e Fantasias!

A batida dos tamborins abafa a luta do ano inteiro na corrida do dia-a-dia. Um rosto sorridente, no meio da multidão, acompanha a alegria dos sambistas. Aproxima-se o momento decisivo do desfile.

Lá está ela – Maria Bravo - uma das estrelas brilhantes do nosso carnaval, que ilumina há anos a festa de ruas da Cidade, o “famoso carnaval do Bairro Santana".

Assim como Ary Barroso exaltou no seu famoso samba "Aquarela do Brasil" as belezas e grandezas do nosso País, Maria Bravo, com a mesma força, não deixa a beleza do carnaval de rua morrer, porque na simplicidade dos seus desfiles está a beleza do seu povo, num cenário em que o homem comum o ano inteiro torna-se o centro das atenções das ruas, num sonho encantado, onde o artista do povo troca a tela pela passarela e o mundo passa a ser o carnaval.

A luta desta batalhadora - Maria Bravo -, desta estrela-guia do carnaval de rua da Cidade, recomeça todos os anos quando num verdadeiro “desfile” percorre diversos órgãos em busca de recursos para não deixar os foliões silenciarem, os tamborins calarem, porque a festa popular de rua não pode morrer.

E graças a essa perseverança, todos os anos a festa se repete!

Receba - Maria Bravo - o reconhecimento desta Casa e dos carnavalescos desta Cidade, que lhe homenageiam com o título de Líder Comunitária.

Desta vez - Maria Bravo - você é a artista do povo, e os porto-alegrenses abrem alas para você passar! Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos a Verª Letícia Arruda a fazer a entrega do título honorífico à homenageada Maria Bravo.

 

(É procedida a entrega do título honorífico.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra à nossa homenageada, Srª Maria Bravo.

 

A SRA. MARIA BRAVO: Em primeiro lugar eu quero deixar registrada a minha emoção, porque foram muitos anos de luta, de trabalho, para que eu fosse reconhecida um dia pela nossa querida Verª Letícia Arruda. Mas, ao mesmo tempo, quero deixar meus agradecimentos a todos os Vereadores desta Casa, porque todos são meus amigos, todos comparecem lá na Santana, de uma maneira ou de outra, principalmente o nosso Presidente da EPATUR, Sr. José Carlos D'Ávila, que é uma pessoa maravilhosa. Nós temos aqui o Presidente Macalé, nós temos aqui o Ariovaldo, da Bambas da Orgia, uma grande escola, nós temos aqui a Túlia, da Acadêmicos da Orgia, nós temos o povo em geral das nossas escolas de samba e também temos os moradores do bairro Santana, aos quais quero deixar o meu carinho e meus agradecimentos. Este título que hoje estou recebendo não é só meu, é de todos os moradores da Santana, é de todos os carnavalescos e de todos os brasileiros como eu, que sou carnavalesca e que adoro Carnaval. Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos anunciar a apresentação da Escola de Samba Mirim.

 

(A Escola de Samba Mirim faz a apresentação.)

 

O SR. APRESENTADOR DA ESCOLA DE SAMBA: Boa noite, pessoal. Boa noite, Sr. Presidente da Câmara Municipal e srs. homenageados.

Eu gostaria de apresentar a Escola de Samba Mirim Girassol. Ela nasceu de uma proposta comunitária de bairros para fazer o carnaval para as crianças, para fazer o carnaval para o menor. Então, eles participam conosco. E foi essa pessoa maravilhosa, a Srª Maria Bravo, que foi quem nos deu a maior força para o nosso trabalho. E é por tudo isso que o pessoal se concentrou e veio aqui prestar essa homenagem.

 

(A Escola de Samba Mirim é apresentada.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em nome da Srª Maria Bravo e desta Casa, agradecemos a apresentação da Escola de Samba Mirim.

Vou pedir ao amigo Dado, em nome da Srª Maria Bravo, dar uma lembrança da Casa. (Palmas.)

Chegando ao final desta solenidade, em nome de todos os porto-alegrenses e brasileiros, de todos os colegas Vereadores, em nome da Casa, saudamos nossos homenageados, e cumprimento-os, pois são amigos da nossa Cidade, dizendo que sejam bem-vindos sempre nesta Casa que está em construção ainda. Ela é nossa. Foi um prazer tê-los aqui com seus familiares e amigos. Encerramos com um abraço aos novos cidadãos e cidadãs de Porto Alegre. Voltem sempre, pois precisamos da presença de vocês, do incentivo à nossa Câmara Municipal de Porto Alegre, que realmente representa nossa comunidade.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 19h40min.)

 

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